segunda-feira, 11 de abril de 2011

Desenhos/Pinturas

 2011
 Pintura a Goache, 2011
 2010, Retrato Van Gogh, Lápis
 Retrato Van Gogh,2



Abstracionismo, Sofá e candeeiro, Grafite, Lápis de cor e caneta


Licenciatura em Artes/ Desenho
U.C: Cultura Contemporânea
Docente: Amadeu Santos



A Cidade Moderna
Metrópole








Miguel de Sousa Ribeiro
Artes/Desenho nº260


A Cidade Moderna – Metrópole


“Os problemas mais profundos da vida moderna têm a sua fonte na pretensão do indivíduo em afirmar a sua autonomia e a especificidade da sua existência diante dos excessos de poder da sociedade, da herança histórica, da cultura e da técnica provenientes do exterior…” (Simmel, Georg,2004)

Palavras-chave: Cidade; Modernidade; Simmel; Indivíduo; Conflito


            Para introduzir e dar consistência à discussão ou opinião sobre a cidade contemporânea, optei por colocar este artigo sobre o pensamento de Simmel, não só pela sua actualidade mas também e essencialmente devido à sensibilidade com que trata os assuntos relevantes à modernidade. Moda, dinheiro, mulher, conflito, sociedades secretas, entre outros temas geniais, enriquecem a sua obra. A cidade é um dos seus temas ou assuntos preferidos, tal como para Victor Hugo, Charles Baudelaire ou Walter Benjamin, todos eles considerados os maiores pensadores da cidade moderna.
            Opto por trazer o pensamento de Simmel para esta área, sendo como um reforço à consolidação de seu nome como uma fonte inspiradora aos estudos mediáticos, fundamentalmente no que concerne às questões urbanas e de género.
            Alain Bourdin, lembra-nos no seu livro la metrópole des individus que, entre os fundadores da sociologia alemã, Simmel, Webber e Tonnies se destacam no debate intelectual e politico sobre metrópoles, inspiram-se no crescimento exponencial de Berlim onde no período entre 1867 e 1913, a cidade cresce impressionantemente a nível populacional de 700 mil para 4 milhões de habitantes, entram então numa discussão sobre os mais diversos temas da modernidade, como comunidade, género, economia e trabalho, encontrando nas metrópoles vários pontos convergentes. Entre esses pensadores, Simmel é quem mais se preocupa com a tentativa de algo problemático na metrópole, sendo que propõe uma postura metodológica que entenda a cidade como um lugar no qual se elabora uma nova forma de conceber e de compreender a sociedade, que seja um lugar de reflexão máxima da modernidade, assim, Simmel explora segmentos da realidade para compreender o social pelo olhar atento às interacções dos indivíduos entre si e destes com os espaços urbanos, escapando assim a uma simples divisão em duas partes entre individuo e sociedade. Não é por acaso que sua obra marca actualmente algumas das perspectivas teóricas da sociedade urbana.
            Segundo Simmel, o individualismo moderno é um dos motores fundamentais das grandes cidades. Ele não opõe o indivíduo à sociedade, pelo contrário, entende a individualização como uma outra face da socialização. A metrópole é, neste contexto, um ambiente no qual o cidadão reivindica sua autonomia e especificidade diante dos grupos com que convive. O intelecto do homem nas metrópoles é infinitamente mais estimulado do que nas cidades pequenas ou mesmo no campo, sendo um efeito marcante na intensificação da vida nervosa no quotidiano urbano. Para Simmel, essa “intensificação da vida nervosa” resulta das trocas rápidas e sem pausas das impressões externas e internas vividas nas metrópoles. Aos vários estímulos visuais e auditivos, o homem da cidade moderna não reage directa e emocional, como faz o homem da pequena cidade, mas sim, de forma indirecta e intelectual, é a resposta a dar às solicitações sensoriais típicas da excessiva quantidade de comunicações presentes nas metrópoles. Simmel considera que o homem enfrenta dificuldades para se adaptar a uma troca permanente de sensações e que, nas cidades pequenas, há um ambiente mais afectivo. “ […] A cada saída á rua, com o ritmo e a diversidade da vida social, profissional e económica, a grande cidade estabelece uma profunda oposição com a cidade pequena e com o campo, cujos modelos de vida sensível e espiritual têm um ritmo mais lento, mais habitual e que se desenvolve de forma regular”.
            O cidadão deve-se proteger nas metrópoles, e por isso, é obrigado a auto-mascarar-se, quer nos sentimentos ou nas atitudes e nem sequer reagir às solicitações vindas do exterior, assumindo um ar, diria, “ignorante” no quotidiano. Nessa visão Simmeliana, essas pessoas atrás adjectivadas, só existem nas grandes cidades, palcos do teatro e espectáculo social, lugares de máscaras e de papéis sociais que se transformam em papéis teatrais.
            Segundo Frédéric Vanderberghe, um ponto em comum entre o pensamento de Simmel e de W. Benjamin, reside na hipótese de o homem urbano desenvolver uma espécie de composição para a sua auto-defesa em relação á proximidade entre ele e as coisas.
O cidadão é então ignorante ou indiferente na medida que neutraliza algumas diferenças individuais, já que as cidades são locais privilegiados para trocas, por meio do dinheiro, por exemplo, aliás, a atitude de indiferença ou ignorância, auto-criada, é impregnada, também, pela economia monetária, pois, o dinheiro avalia da mesma maneira, em numeração, a maioria das coisas, sendo que é o denominador comum de todos os valores. O dinheiro, nesse sentido, o mais importante nivelador da sociedade, esvaziando as coisas de seus conteúdos, isto é, do seu possível valor especifico e incomparável. A influência do dinheiro, não se manifesta somente na preponderância do intelecto sobre a vontade e as paixões, mas também, na denominação do quantitativo sobre o qualitativo, nesta perspectiva, a modernidade caracteriza-se por uma espécie de intelectualidade calculadora que gere as opões de vida dos cidadãos. Para Simmel, essa “calculabilidade” passa a fazer parte do quotidiano, levando as pessoas diariamente a avaliarem tudo, a calcularem e a reduzirem os valores qualitativos em quantitativos, anteriormente já referidos. O dinheiro torna-se um meio incondicional para se conseguir as coisas, e isto torna-se perigoso, seja no que for, dar-se menor importância á qualidade em detrimento da quantidade.
Um aspecto fundamental a caracterizar e integrar no homem urbano e na cidade moderna é o conflito, este é fundamental para a sociedade se organizar, pois, o seu ordenamento, para se adequar à sua época, deve avançar. Apesar de as interpretações muitas vezes serem dualista sobre a construção das relações sociais, sempre à procura da unidade na dualidade ou vice-versa. A visão de Simmel sobre o conflito como força de interacção e associação é absolutamente pertinente às questões contemporâneas, o conflito é inicialmente, fruto de uma hostilidade e de uma oposição de ideias ou de valores, o conflito, pressupõe portanto, o reconhecimento do inimigo e dos seus interesses, já que, caso não houvesse interessados comuns, a divergência não fazia sentido existir ou estar presente.
“ Se toda a acção recíproca entre os seres humanos é uma socialização, o combate, que é uma das mais vigorosas formas de acção recíproca, e que é logicamente impossível se o limitarmos a um elemento singular, deve ter o valor total da socialização”(Simmel, 2004)
Assim, as relações conflituosas dão-se pela correlação de energias que se alimentam, de tal forma que somente o conjunto de ambas pode constituir a unidade da vida do grupo. Para Simmel, faz parte da essência das almas humanas não se deixarem ligar por um só fio condutor, o homem, especialmente o urbano, convive com a pluralidade de formas diferenciadas de relações sociais.
A distância calculada dos homens e das coisas bem como a cultura da subjectividade, são, duas faces distintas do mesmo fenómeno, pois, ao proteger-se por trás de uma imagem de civilidade, o homem pode abrigar-se de pressões sociais e adquirir liberdade pessoal, esta contradição entre afastamento e libertação caracteriza a modernidade e dá lugar ao desenvolvimento simultâneo da objectividade e subjectividade. Há ainda, instinto de auto-conservação do indivíduo na cidade moderna o que o obriga a ter um comportamento de natureza social que não se pode dizer negativo, mas sim de protecção, afinal, ele está em vários “mundos”, assim, requer da sua parte uma atitude em relação aos outros verdadeiramente reservados.
“Nós não conhecemos, muitas vezes, mesmo de vista os nossos vizinhos próximos, e parecemos ser frios e sem coração ao olhar dos habitantes das cidades pequenas”(Simmel)
Se o encontro exterior e contínuo de um número incalculável de seres humanos resultasse nas mesmas reacções interiores que se vive nas pequenas cidades, onde as pessoas são conhecidas e têm uma relação, mais ou menos próxima, viveríamos uma destruição da intimidade, é, portanto essa defesa, do indivíduo urbano, ou seja, o direito de desconfiar do outro é um dos principais motivos da sua reserva.
Termino dando referência a alguns aspectos gerias mas fundamentais na cidade moderna, desde logo que este muda ou avança significativamente com a industrialização, e esta avança com controlo desde lodo o chamado zonamento para definir as zonas quer comerciais quer habitacionais, por exemplo, dando uma maior harmonia ou racionalidade urbanística em detrimento do utopismo e das coisas exuberantes.


Referências Bibliográficas:

BOURDIN, Alain. La Metrópole des Individus. L’Aube, Quetigny, 2005
SIMMEL, Georg. Philosophie de La Modernité. Paris, Payot, 2004
















Desenhos no Diário Gráfico









Trabalho para a UC Cultura Contemporânea

Cultura Contemporânea

Quotidiano, Social, Ser ou não, os dias de hoje


Porque as pessoas são mais importantes do que as coisas

      Esta frase, na minha opinião, sintetiza, brilhantemente, o nosso quotidiano e, sobretudo, as nossas atitudes em relação a este. Por um lado, realça, de certa maneira, a forma como encaramos a vida ou melhor que comportamos com as pessoas que completam a nosso círculo social, por outro lado, evidencia ou descreve as possíveis consequências desta nossa forma de actuar, isto é, o deixar de ser para parecer.

      Portanto, chegou-se, à conclusão, que com isto, sacrificamos os nossos reais pensamentos, cuja natureza destes, porventura, poderiam ser de má ou boa índole, no entanto, a pergunta que se coloca é a seguinte: -Seria possível viver sem estar, constantemente, a reprimir o que realmente se sente, independentemente, da situação, ou seja, ser e não parecer sem pensar nas repercussões que isto traria tanto de bom como de mal, posto isto, eis a questão levantada, genialmente, por William Shakespeare “ser ou não ser” agora, façamos a nossa escolha.

      “Porque as pessoas são mais importantes do que as coisas”, esta frase remete-me para o nosso dia-a-dia, ou seja, tal é a verdade desta citação que por si só faz de si mesmo uma máxima.

      No meu entender, as ditas “coisas” aplicam-se aos costumes, maneirinhos, etiqueta e superficialidades, isto quer dizer que o mundo, esse, ao qual pertenço e que por vezes, não entendo, se rege por essas “banalidades”, isto no sentido moral da palavra.

      Por outro lado, a prática de boas ou más atitudes que inerentemente, produzem consequências positivas ou negativas ao deixarmos de ser o que somos, para aparentarmos ser outra coisa, a máscara que no fundo todos nós usamos, embora uns mais que outros, a constante pressão para causar uma boa impressão às audiências, aos pais, à sociedade, ao próximo, tudo isto faz-me perguntar a mim mesmo onde fica a individualidade, a tal coisa que nos distingue dos demais. As vezes, ponho-me a pensar se não somos, nada mais, nada menos do que autómatos ou escravos da sociedade, quer isto dizer que o que a maioria determina o que tem de ser, senão o fizermos seremos excluídos, e por conseguinte, somos obrigados a compactuar. Posto isto, concluo que na verdade, sou o que não sou.

Deixamos de ser para parecer…